Precisamos falar sobre o Kevin (We Need to Talk About Kevin)
No sério mesmo, esse foi um dos melhores livros que já li na vida, talvez seja porque gosto dessas historinhas que envolvem assassinatos, serial killers e carnificinas em geral. Aconselho aos mais fresquinhos passar longe desse livro. A linguagem é difícil e pesada, eu lia com o dicionário (o qual não tinha o significado de algumas palavras, juro) do lado, e não sou desprovida do conhecimento das palavras. Me identifiquei demais com o livro, não porque eu fui mal amada pela minha mãe, mas sempre achei que todo criminoso um dia teve uma história triste, e que no final a culpa não é inteiramente dele, independentemente do crime cometido, e essa é a mesma ideia que a Lional Shriver teve. Enfim, o livro é constituído de cartas que Eva escreve para seu marido. A história conta toda a infância e educação que Kevin teve, e o que o levou a assassinar seus "amigos", sua irmã e seu pai. Tem um trecho no livro em que Kevin já está na cadeia, a sua mãe vai fazer uma visita, e ela pergunta:
" Porque não me matou também?"
" Quando se faz um show, não se atira na platéia"
Agora, o trecho mais EMOCIONANTE E MASSA DEMAIS é o final.
"
É só isso que eu sei. que, no dia 11 de abril de 1983, nasceu-me um filho, e não senti nada. Mais uma vez, a verdade é sempre maior do que compreendemos. Quando aquele bebê se contorceu em meu seio, do qual se afastou com tamanho desagrado, eu retribuí a rejeição - talvez ele fosse quinze vezes menor do que eu, mas, naquele momento, isso me pareceu justo. desde então, lutamos um com o outro, com uma ferocidade tão implacável que chego quase a admirá-la. Mas deve ser possível granjear devoção quando se testa um antagonismo até o último limite, fazer as pessoas se aproximarem mais pelo próprio ato de empurrá-las para longe. Porque, depois de quase dezoito anos, faltando apenas três dias, posso finalmente anunciar que estou exausta demais e confusa demais e sozinha demais para continuar brigando, e, nem que seja por desespero, ou até por preguiça, eu amo meu filho. ele tem mais cinco anos sombrios para cumprir numa penitenciária de adultos, e não posso botar minha mão no fogo pelo que sairá de lá no final. mas, enquanto isso, tenho um segundo quarto em meu apartamento funcional. A colcha é lisa. há um exemplar de Robin Hood na estante.E os lençóis estão limpos."
Admito que fiquei chocada e estupefata quando vi que Kevin nasceu no mesmo dia que eu, 11 de abril. foi legal demais essa minha descoberta.
Esse trechinho do final, o qual ela fala do exemplar de Robin Hood e de mais um quarto no seu apartamento, quer dizer justamente que ela ja perdoou plenamente o seu filho, e que quando ele sair, vai querer viver com ele. Robin Hood é o único conto que Kevin gostou durante toda sua infância, devido ao arco-e-flecha, instrumento que ele usou para os assassinatos.
E o filme será lançado ESTE ANO !
Em dezembro, se não me falha a memória. Sei que esse ator é lindo demais. Tomara que esse filme não mude o livro, como muitos filmes que tem por aí...
"É justamente quando ela menos merece que mais a criança precisa do nosso amor." - Erma bombeck
